18.6.11

A alma que não sabia boiar

Nada há de mais vazio que um sonho intacto que não encaixa na vida. Leve como uma baloa, vagueia pela superfície da realidade e não se consegue fixar.
A vida parece cheia, preenchida, mas além da crosta repleta de tudo e do além que não se quiz seguro, está aquilo que ou se aceita ou não se pode ir buscar, um espaço para uma forma difícil de interpretar, e é nesse espaço que a alma, quando se perde, cai para se afogar.

14.6.11

A quem da janela olha os gatos

"Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu."

Fernando Pessoa

As pessoas concretas são como gatos e metade da vida fica explicada. A outra metade, quando imaginada, parece sempre ser tudo, mas vista da rua é nada.

5.6.11

As pessoas líricas


As pessoas líricas crêem que a vida é infinita, que as pessoas são boas e que as verdades são bonitas e no fim de contas, armados os medos e dito o que magoa sofrem a realidade mas, no não viver sempre a realidade a sofrer, sofrem sempre menos em total que as outras.